quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Carta ao Pai Natal

Nos últimos dias temos sido "assaltados" por um reboliço próprio desta época...nas ruas, nas escolas...são as compras, as festas de Natal e as cartas ao Pai Natal.

Enquanto realizava esta última actividade (escrita de uma carta ao Pai Natal) pude olhar nos olhos das crianças com quem trabalho no dia-a-dia e ver um brilho muito especial...lembrei-me da importância dos sonhos...

Sonhos que despertam a fantasia...que nos fazem acreditar...Já o poeta dizia que "o sonho comanda a vida".

Nesse momento também eu decidi sonhar...Mas sonhar de forma a tornar a fantasia em realidade...Passar do sonho para a concretização no dia-a-dia!

Decidi, tal como os meus meninos, escrever uma carta ao Pai Natal...E é isso que vos trago hoje...

Querido Pai Natal:

Durante este período de reflexão tenho em mente acções futuras para a construção de um caminho que tem de ser feito com igualdade de oportunidades para Todos!

Para que cada cidadão o possa ser de pleno direito temos de despoletar sensibilidades e alterar mentalidades...Gostava que a Sociedade começasse a compreender e a aceitar as diferenças de cada um para que o Mundo fosse mais inclusivo...

Não se esqueçam de lembrar toda a Sociedade que na Educação, os interesses pessoais têm de ser colocados de parte...Que Família, Escola e  Comunidade dêem as mãos, fomentem o diálogo para que se crie um ambiente mais harmonioso para as crianças...para o Futuro do nosso País!!!

Que o preconceito seja deixado de lado...Que todos ocupem o seu lugar na sociedade, independente da cor, sexo, opção religiosa ou sexual, pela deficiência ou classe social...

E não, isto não são utopias...Bem sei que é difícil, até porque a mudança de mentalidades é a barreira mais difícil de ultrapassar...Sozinhos não derrubamos esta barreira, mas se cada um fizer um pouco, a Sociedade mudará...

Para que a mudança seja possível é pressuposto que haja predisposição, empenho e receptividade de toda a Sociedade, bem como capacidade de diálogo para alcançarmos este desafio.

Desejo um Bom Natal para Todos!

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Dia Internacional da Pessoa com Deficiência


O Relatório Warnock Report (inquérito oficial à educação especial no Reino Unido) em 1978 introduziu pela primeira vez o conceito de Necessidades Educativas Especiais (NEE), em substituição do termo deficiente. Para além de uma mudança de conceito, apelava-se a uma filosofia educativa face ao indivíduo portador de deficiência.  

A Lei de Bases do Sistema Educativo (1986) refere que a escola regular é responsável pela educação das crianças com deficiência. O conceito base é o da Integração, defendendo-se que todos têm direito à educação nas estruturas regulares.
 
O Decreto-Lei 35/90 no artigo 2º, menciona que os alunos com NEE, resultantes de doenças físicas ou mentais estão sujeitos ao cumprimento da escolaridade obrigatória, mas é o Decreto-Lei 319/91, de 23 de Agosto que vem regulamentar a adaptação de condições para crianças com NEE, revogado pelo 3/2008, de 7 de Janeiro.

A Declaração de Salamanca em 1994 introduz o termo inclusão, referindo que todos pertencem à escola e que todos devem aprender juntos, sendo a escola capaz de satisfazer as diferentes necessidades das crianças. Apela-se assim à escola inclusiva. A escola define-se como escola para todos.
 
Em 1997 as Orientações Curriculares para a educação pré-escolar referem a escola inclusiva, o que implica planificação de estratégias diversificadas no âmbito da pedagogia diferenciada para o grupo, pois cada ser é único, sendo a diferença um valor e não factor de discriminação, se pensarmos que a diferença é sinónimo da identidade de cada um de nós, numa sociedade que apela a um conceito normativo de Igualdade precisamente porque somos diferentes. O Despacho Conjunto nº 105/97, de 1 de Julho vem regulamentar a prestação de serviços de apoio educativo a crianças com NEE.
 
Nos finais de Março de 2002, realizou-se em Madrid o Congresso Europeu sobre deficiência, onde os diversos congressistas presentes proclamaram 2003 como o Ano Europeu das Pessoas com Deficiência, tendo como objectivo, a sensibilização para se proporcionar uma vida válida a todos os indivíduos portadores de deficiência, no sentido de se criar igualdade de oportunidades e protegendo direitos.
 
Alguma coisa tem vindo a ser feita no âmbito de intervir e respeitar a diferença, muito está ainda por fazer.
É importante que, como data comemorativa, o dia de hoje, não seja simbolicamente uma comemoração, mas sim uma possibilidade de reflexão do que se tem vindo a ignorar, de modo a compreender e intervir na diferença, reflectindo nomeadamente sobre o que é em si a diferença, pois a concepção normativa homogénea do ser humano só existe enquanto espécie.
 
Pensar-se na deficiência é aceitar o outro incondicionalmente com atitudes menos discriminatórias e de maior tolerância e compreensão. Tal como refere Bronfenbrenner (1977), o mais decisivo para o desenvolvimento são os processos e as interacções recíprocas e cada vez mais complexas ao longo de um período de tempo, que se estabelecem entre os indivíduos e não, as características estruturais do meio.

Existir legislação é fundamental, mas por si só não chega, a responsabilidade inclusiva começa em cada um de nós, desde cedo que as capacidades de cooperação entre as crianças devem ser vivenciadas, de forma em que as diferenças constituam um valor e não um problema.
Façamos uma reflexão de atitudes para além deste dia comemorativo.
A riqueza encontra-se na diversidade do ser humano e na capacidade de nos deslumbrarmos na relação com os outros. Para isso é fundamental aproximarmo-nos uns dos outros e nos tornamos mais únicos e autênticos, precisamos porém, de ser criativos para enfrentar alguns desafios.
Aproveitemos para começar já hoje!
 
Elvira Cristina Silva